sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DEUS NÃO ACEITA ISTO, NUNCA TERÃO À BENÇÃO DIVINA. IMUNDOS

O cartaz em letras garrafais tornava a cena mais desestimulante. Vozes de todas as idades se  misturavam na confusão. Muito barulho, muitos insultos. Aquela seria, com certeza, uma tarde inesquecível para a pequena cidade de Ruralzinho. O jornal local não teria muito que contar, com certeza aquilo era mais “inacreditável” que E.T’S e boa parte dos moradores eram testemunha ocular do acontecimento histórico.

— Ainda bem que as portas são grossas. – Uma senhora de cabelos brancos sussurra para sua colega.

— Pois é Zinha, o povo não aceita e sendo sincera não entendo bem a situação, mas o amor deve sempre falar mais alto. Não é mesmo?

— Sim comadre. Não tinha mais como esconder e se agora é lei, quem somos para condenar, até o padre aceitou abençoar a união.

Uma suave musica encheu o lugar de alegria, das pesadas portas surgiu um rapaz alto, de cabelos ondulados, terno branco e um sorriso doce. Ao seu lado um senhor não muito baixo, cabelos grisalhos e óculos finos. Seu sorriso era nervoso, ele olhava todos e balançava devagar a cabeça. As rosas amarelas e vermelhas formavam uma harmonia perfeita naquele lugar, pois o  amarelo simboliza a amizade e o vermelho amor.

No altar o outro estava mais nervoso, seu terno azul escuro demostrava todo o respeito que deveriam ter por ele, tocou de leve a mão que lhe foi oferecida pelo senhor de óculos. Os olhares se encontraram e ambos sorriram extasiados. As palavras foram proferidas e ao final um SIM selou a união. A “noiva” chorou muito, como é de se esperar. A cerimônia terminou, mas o burburinho continuava. Carros rumaram para a festa e uma nova vida começava.

A cidade falou do acontecido por meses e meses, as pessoas nunca aceitaram aquela união. O casal era alvo de insultos, preconceito e desprezo. No fundo eles não se importavam, o amor era mais forte e se esconderam por muito tempo até realizarem o sonho. Pensavam em adotar uma criança, Alberto sempre quis ter um filho, Gilberto achava cedo, queria curtir um pouco mais a lua de mel.

O fogo consumiu a bela casa, os bombeiros demoraram demais. No rosto do pai de Gilberto a tristeza da derrota, a mãe de Alberto gritava por justiça. Os moradores em silêncio comemoraram a atitude, haviam feito um favor para a cidade.

Nos jornais uma nota fria falava por todos os moradores. Ruralzinho voltou a ser um lugar digno de se morar, ninguém assumiu a autoria da covardia. A justiça investiga, mas sem ajuda será difícil encontrar os culpados. Na praça, escola e botecos o assunto é o mesmo. Os novos e os velhos não se dão ao trabalho de entender a pureza do amor e pior esqueceram o que é respeito.
                                                                     


FIM        






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é super importante para mim.